Um pouco de história.

Transplantes em geral:

Por muitos anos, médicos e cientistas pensaram sobre a idéia de substituir um órgão doente por um saudável de um doador, muitas experiências foram feitas e, devido ao reduzido conhecimento sobre o sistema imunológico humano, não foram bem sucedidas, levando o doente à morte.
Entretanto, a primeira experiência bem sucedida de transplante de órgão humano, ocorreu em 23 de dezembro de 1954, em Boston, nos Estados Unidos. O cirurgião Joseph Murray fez o transplante de rim entre irmãos gêmeos idênticos, que apesar dos remotos conhecimentos sobre compatibilidade mostrarem que os irmãos teriam grandes probabilidades de aceitação, morreram alguns dias depois por conta da rejeição.
Anos depois, em 1962, foi realizado o primeiro transplante de fígado e o primeiro transplante de pulmão, ambos também nos Estados Unidos.
No Brasil, a atividade de transplante de órgãos e tecidos, iniciou-se no ano de 1964 na cidade do Rio de Janeiro e no ano de 1965, na cidade de São Paulo, com a realização dos dois primeiros transplantes renais do país.
Deste período inicial até os dias atuais, esta atividade teve uma evolução considerável em termos de técnicas, resultados, variedade de órgãos transplantados e número de procedimentos realizados.


Transplante cardíaco:

Norman Shumway foi um cirurgião norte americano, que estudou o coração humano através de cães. Durante suas experiências, Shumway conseguiu parar o coração ao deter temporariamente a circulação coronária e proteger da asfixia o músculo cardíaco graças a uma hipotermia de 15ºC,ao realizá-lo Shumway obteve um grande avanço em seus estudos, uma vez que nunca ninguém tinha conseguido parar um coração sem asfixiá-lo, ou seja, deixá-lo sem oxigênio.
Em uma das experiências do cirurgião, seu assistente Richard Lower, sugeriu a retirada de um coração e sua recolocação. A técnica havia nascido, porém foram necessários 5 anos para que Shumway e Lower dominassem as técnicas para a realização do transplante propriamente dito, fato que só ocorreu em 1960. Em 1967 havia cães que já viviam a 2 anos com um coração transplantado, mas a idéia de fazer algo assim com o coração humano causava polêmica na sociedade.
Entretanto o cirurgião sul-africano Christiaan Barnard, que estudou com o mesmo mestre e incentivador de Shumway, tomou conhecimento dos cães transplantados e jurou que seria o primeiro a retirar um coração humano e transplantá-lo.
Tal feito foi realizado no dia 3 de dezembro de 1967, por Barnard na África do Sul. A operação durou cerca de 7 horas e envolveu uma equipe de trinta pessoas. Louis Waskansky, o receptor de 53 anos, foi o primeiro homem que recebeu o coração de um estranho. O órgão transplantado por Barnard e sua equipe, era de uma jovem de 25 anos, que tinha morrido num acidente. Mas Waskansky faleceu 18 dias depois da cirurgia histórica, em conseqüência de uma infecção pulmonar. A luta dos médicos para combater a rejeição do organismo reduziu muito o sistema imunológico do paciente.
Depois do sucesso do primeiro transplante, Shumway e Barnard realizaram então uma série de transplantes cardíacos, que impressionavam toda a comunidade médica internacional. A partir de então outras equipes começaram a implantar a técnica desenvolvida por Shumway e Barnard. Mas, das 100 pessoas transplantadas no mundo no ano seguinte, nenhuma sobreviveu mais de 18 meses, exceto o francês operado em Marselha, Emmanuel Vitria, que viveu quase 19 anos sem que se descobrisse o motivo deste sucesso. No entanto em 1969, Barnard operou Dorothy Fisher, que viveu 24 anos com o novo coração.
Diante dos fracassos concomitantes a maioria das equipes que dominavam as técnicas de realização do transplante cardíaco, abandonou os centros cirúrgicos, exceto Barnard, Shumway, Lower e a equipe do Hospital La Pitié. Todavia, um novo medicamento contra a rejeição, com o qual Shumway fazia experimentos: a ciclosporina começou a ser utilizada nos pacientes dos transplantes realizados. Assim, o êxito das cirurgias aumentou de 30 a 70 % em 1 ano.
A partir disto os estudos e as cirurgias foram retomadas por várias equipes pelo mundo. E em 1881 Shumway conseguiu realizar o primeiro transplante cardiopulmonar da história.
Desde então os resultados dos transplantes cardíacos não cessaram de melhorar. Seu número só é reduzido pela falta de órgãos, que é a principal limitação para os doentes cujo último recurso é o transplante.




Dr. Shumway
Dr. Lower
Dr. Barnard

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